Drifting é o termo usado pelos aficionados por carros para um tipo de manobra que se assemelha a surfar ou esquiar com o veículo. Segundo consta, esta manobra aparentemente foi criada por japoneses que a usavam para descer as íngremes montanhas onde moravam, para chegar a tempo ao trabalho.
Faz sentido então que a lucrativa franquia VELOZES E FURIOSOS utilize a manobra como mote central desta terceira parte que abre mão dos personagens centrais nos filmes anteriores para seguir as aventuras do adolescente Sean (Lucas Black) no Japão, para onde é enviado pela mãe, após ter problemas com a polícia logo no prólogo. Claro que o garoto não vai seguir os conselhos paternos de ficar longe de encrenca e de automóveis. Logo no primeiro dia na cidade, já se mete com uma gangue que promove corridas de drift em estacionamentos de vários andares. E calha de se interessar logo pela garota de um dos líderes, cujo tio faz parte da Yakuza, a máfia japonesa (participação do lendário Sonny Chiba em um papel caricato).
A trama de VELOZES E FURIOSOS - DESAFIO EM TÓQUIO, como pode ver, não apresenta nada de novo. A ponto, inclusive, de aproveitar a premissa de INITIAL D - DRIFT RACER, produção de Hong Kong que estourou nos cinemas asiáticos no ano passado. INITIAL D foi dirigido pelos mesmos responsáveis pelo ótimo policial CONFLITOS INTERNOS (que atualmente esta sendo refilmado por Scorsese, com DiCaprio e Matt Damon), e a trama girava em torno de corredores que disputam drift montanha abaixo. Já DESAFIO EM TÓQUIO insere nesse contexto um conceito tipicamente ocidental, aproveitada em inúmeros westerns: o de um estranho que chega numa cidade dominada pelo crime e, com o poder de sua pistola, altera a ordem das coisas no local. Não é a toa que Sean é chamado todo o tempo de cowboy.
Claro que o objetivo dos produtores da série é nivelar a idade média dos personagens com o de seu público, pré-adolescentes que sonham em colocar a mão no volante de um carro bombado e nas curvas de garotas insinuantes como as do filme. E nesse aspecto, em criar um sonho molhado adolescente, o filme é extremamente bem sucedido. Visual e trilha sonora parecem emular bem o modismo teen atual, e a relação estabelecida entre a potência dos carros e os hormônios em ebulição chega a ser descarada. Todos os conflitos são desencadeados por causa de uma garota, como o que abre o filme, quando uma líder de torcida se oferece como prêmio para quem ganhar a corrida. Em outro momento, outra menina “apita” o início de uma disputa ao tirar seu sutiã e jogá-lo no chão.
A despeito do aviso nos letreiros finais de que todas as manobras do filme foram realizadas por profissionais e que não devem ser repetidas por membros da audiência, é assustador constatar que estivemos torcendo o tempo inteiro por um adolescente menor de idade pilotando máquinas envenenadas a 200 km por hora e sobrevivendo, tal qual um personagem de desenho animado, a acidentes espetaculares, com não mais que pequenos e esteticamente bem aplicados arranhões. Isso quando corre atualmente no congresso uma proposta de lei propondo baixar a idade de concessão da carteira de habilitação para 16 anos. Caso isso realmente ocorra, o que começou como um sonho molhado pode muito bem descambar para o pesadelo.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
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Um comentário:
eu quando crecer vou fazer o mesmo quenem velozes e furiozos esse filme me espira muito
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